terça-feira, 26 de janeiro de 2016

ILUSÕES | As mentiras que contamos para nós mesmos


Logo que eu comecei a trabalhar daqui e dali, eu sempre achava legal estar com a mente ocupada. Desde a faculdade eu sempre queria estar fazendo estágios, com a mente cheia. Eu queria abraçar todas as coisas ao mesmo tempo, ajudava os outros e muitas vezes esquecia de mim, sempre voltada a trabalhar e em arranjar uma forma de ganhar dinheiro. Sempre entrava em um trabalho e acabava insatisfeita e saía. Sempre nessa mesma ordem. Um dia percebi que tinha alguma coisa errada. Na verdade, eu achava que eu estava trilhando um ótimo caminho na minha vida e de um dia pro outro descobri que não estava.
O que o tempo me mostrou é que, na verdade, eu tinha a necessidade de me sentir competente e sempre com dinheiro para me mostrar independente aos olhos dos outros. E essas atividades acabavam me fazendo sentir dessa forma.
Quando você identifica a sua necessidade primária, fica mais fácil entender o que você precisa mudar em vez de simplesmente aceitar que é assim que deve ser.
Quando eu percebi que eu tinha a necessidade de me sentir competente e com dinheiro eu percebi que estava tomando atitudes erradas ao longo da minha vida. Na verdade, eu só precisava trilhar um caminho que fosse condizente com o que eu queria. Eu sempre estava buscando desviar meu foco, muitas vezes por falta de confiança em mim mesma e por não saber quais escolhas tomar. Parei e pensei, “poxa, o que é que eu to fazendo com a minha vida?”.
Mas, não é fácil reconhecer ou admitir qual é o problema e qual é a verdadeira necessidade por trás de alguns dos nossos comportamentos. Por isso, é inevitável começarmos a encontrar desculpas para justificar o motivo pelo qual a nossa vida é do jeito que é.
Muitas vezes dizemos que não temos escolha e tentamos explicar para o mundo o porquê que temos que estar em tal situação. A realidade é: sempre temos escolha. O que acontece é que nem sempre estamos dispostos a lidar com as consequências e por isso criamos barreiras para nos auto-proteger.
Aqui vão algumas das mentiras que eu costumava contar a mim mesma até que decidi mudar:

1. Se eu tivesse mais dinheiro eu poderia fazer “isso”.

O dinheiro sempre foi a maior desculpa para tudo na minha vida. “Não faço exercícios porque não tenho dinheiro para academia. Não falo inglês porque não tenho dinheiro para pagar um cursinho Não vou casar porque não tenho dinheiro para me manter depois do casamento”. Um monte de bobagem.
É claro que muita gente realmente tem um orçamento bastante apertado. Acredite, eu ainda sou assim e muita gente acha que sou “super cheia das granas”. Pago minha faculdade com muito esforço, além de um curso para me qualificar um pouco mais. Tento não sair muito para poupar, ando de ônibus e poucas vezes me sobra dinheiro para comprar uma calcinha.
E, justamente por ter alguma experiência sobre o que é ter uma conta eternamente negativa, que eu te digo que dinheiro não é desculpa para não fazermos as coisas.
Usamos a falta de dinheiro para nos convencer de que nossa vida não é incrível porque vivemos numa sociedade injusta e desigual. Mas eu vou te dizer uma coisa, quer fazer exercícios? Faça caminhadas. Quer estudar uma língua? Hoje é possível fazer isso de graça na internet através de diversos sites. Quer viajar? Economize de pouquinho em pouquinho e vá para algum lugar mais próximo, mas que também seja prazeroso.
É claro que estes são alguns pequenos exemplos, mas são coisas das quais as pessoas mais reclamam que não podem fazer sem dinheiro. Além disso, quando damos mais atenção ao nossos gastos, mais fácil fica de se organizar.

2. Se eu tivesse mais tempo eu faria “isso”.

Como “isso” entenda qualquer coisa que você não faça por falta de tempo. Pode ser um curso, exercícios físicos, sair mais com os amigos, ler um livro, fazer caridade, não importa. Falta de tempo virou a desculpa universal para justificar o fato de que não conseguimos lidar com as 24 horas do nosso dia.
Uma coisa que eu aprendi é que quando você REALMENTE quer fazer uma coisa, você arruma tempo, por mais ocupado que você esteja.
A questão aqui é que, ou você quer muito uma coisa, ou você não quer tanto assim e o tempo não pode ser a desculpa por você não fazer.
Eu sempre quis ter um blog, mas sempre dizia que não tinha tempo para escrever e nem iria ter assunto para isso. Na verdade, o grande problema estava em mim, eu não queria tirar um tempo para isso no momento.
Aí você me diz, “Mas, eu juro que eu não tenho tempo para nada”.
Eu acredito! Só que ser ocupadíssimo também é uma escolha. Nós investimos nosso tempo naquilo que é importante para nós, por isso, se você está trabalhando muito, é porque tem alguma coisa que você queira mais do que tudo e que vai ser resultado desse tempo investido no seu trabalho. E assim, você está deixando de fazer outras coisas que no fundo não devem ser tão importantes assim no momento.

3. Eu mudaria “isso” na minha vida, se não fosse “aquilo”.

Até pouco tempo atrás eu ainda estava sem saber se casava ou não. Muita gente dizendo que sou nova, que tenho que curtir e ainda mais, ter um emprego estável para me tornar antes de tudo independente. Aí pensei, “quem disse que isso é uma regra?” Eu já terminei uma faculdade, ainda não tenho o emprego dos sonhos, mas vou trilhando meu caminho assim como trilharia mesmo sem estar com o status de casada.
Depois que parei para pensar que não casava por causa dos outros e não por minha causa, resolvi que iria casar. Na verdade, as desculpas que eu utilizava eram as desculpas dos outros.
Pensem que não podemos deixar que filhos, animais de estimação, dívidas, emprego, mãe ou pai e os outros sejam desculpas para aliviar o fato de que não temos coragem para tomar algumas atitudes em nossas vidas.


4. Se “isso” acontecesse, minha vida seria perfeita.

Aqui o “isso” pode ser comprar uma casa, ter um filho, ser promovido no emprego, casar, ser independente. O nosso grande problema é que o “isso”, nesse caso, nunca será suficiente. É a lei da vida. O ser humano nunca está totalmente satisfeito e está sempre em busca de algo para ser mais feliz.

O problema é que, quando estamos sempre olhando para o futuro nos esquecemos de ser gratos pelo momento presente. Mas, eu não vou te dar o conselho mais óbvio do mundo da autoajuda que é viva o presente e agradeça por tudo.
A dica é: use essa necessidade de sempre querer o que não tem como motivação, e não como a razão pela qual você não é feliz. Aprecie o desafio de correr atrás desse objetivo e deixe que isso te faça feliz e não infeliz.

5. Eu não vivo sem “isso”.

Na maioria dos casos, sim, você vive.
Por exemplo, não vivo sem meu celular. Vive sim! Vai acampar e ver a luz da lua e das estrelas e veja se você não esquece o celular. E outra, não vai ter sinal no mato mesmo. Aproveite a companhia do namorado, cachorro, amigos e veja se você não desgruda mais do celular. Lembre-se que o pessoal de antigamente vivia sem nada disso.
Uma coisa que aprendi é que para tudo existe um jeito e que nós nos adaptamos as situações mais do que imaginamos. Nos acostumamos a viver sem coisas e pessoas ao longo da vida. Claro que podemos passar por um período de saudade, mas depois de um tempo a vida se ajeita.
O que nos faz ter a sensação de que “isso” é tão importante para a nossa vida ao ponto de não conseguirmos viver sem é que, muitas vezes, colocamos em coisas ou pessoas a responsabilidade da nossa felicidade.
A grande verdade é que nossa vida é feita de grandes coisas que não enxergamos. Muitas vezes só vemos o lado ruim de tudo, pois é do ser humano ser assim. Mude isso na sua vida e pare de arranjar desculpas. Muitas vezes erramos, tomamos atitudes equivocadas, mas a boa notícia é que quando você acordar no outro dia irá ter uma nova chance. 



Escolha ser feliz.


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